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O que é blockchain? Guia completo

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Guia de Investimento Crypto
Oct 24, 2023

Qualquer pessoa que tenha um interesse, ainda que passageiro, em criptomoedas provavelmente já ouviu falar da palavra “blockchain”. Sem dúvida, muitos dos que conhecem o termo também sabem que a tecnologia blockchain está por trás do Bitcoin e de muitas outras criptomoedas. No entanto, o que mais você sabe sobre blockchain? Como funciona? Que usos tem? E quais são as perspectivas da blockchain no futuro? Tudo isso será revelado neste artigo.

Compreendendo a tecnologia blockchain

A tecnologia blockchain pode ser definida como um sistema de ledgers públicos digitais descentralizados que armazena transações. Essas informações transacionais são armazenadas em cadeias de blocos (chains of blocks), daí o nome “blockchain”. Esses computadores da rede compartilham essas informações por meio de criptografia. 

A blockchain é usada para uma variedade de funções. Além das criptomoedas, ela também é usada em temas como saúde, contratos inteligentes, cadeias de suprimentos e eletrônicos. Confira como funciona a blockchain.

Como a blockchain funciona? 

Todas as informações de uma blockchain são armazenadas em arquivos digitais chamados de blocos. Esses blocos não pertencem a nenhuma entidade central; portanto, eles são descentralizados. Vários elementos compõem o funcionamento da tecnologia por trás da blockchain.

Autoridade descentralizada

Toda a premissa da blockchain está focada em sua natureza descentralizada. Foi essa ideia que deu origem ao Bitcoin em 2009. Antes disso, no dia 31 de outubro de 2008, aconteceu a publicação do White Paperdo Bitcoin, intitulado Bitcoin: Tratava-se de um sistema de dinheiro eletrônico peer-to-peer, de seu criador pseudônimo, Satoshi Nakamoto. Esse documento descreve como Nakamoto previa que a tecnologia blockchain funcionaria e a visão dele relativamente a um sistema monetário longe do alcance dos bancos: um sistema para a população. 

Nakamoto propôs uma “versão puramente peer-to-peer de dinheiro eletrônico, que permitiria que pagamentos online fossem enviados diretamente de uma parte para outra, sem passar por uma instituição financeira”. No dia 3 de janeiro de 2009, foi criado o bloco Genesis da blockchain Bitcoin. Esse foi o primeiro passo para revolucionar os sistemas financeiros tradicionais, centralizados e centrados nos bancos, tal como os conhecemos.

O que são os nós?

Os nós são computadores que se conectam uns aos outros para compartilhar informações através do ledger público que é uma rede blockchain. 

Cada nó armazena uma cópia da blockchain e verifica cada transação feita nele. A falsificação de informações raramente ocorre, pois as informações e os registros de cada nó da blockchain precisariam ser alterados.

Esses nós desempenham um papel importante no processo de mineração de Bitcoin porque, na ausência de qualquer entidade central, esses nós têm a função de se alinhar em conformidade, para confirmar a validade de uma transação na rede. Só quando essa verificação acontece é que um bloco pode ser adicionado à blockchain e os mineradores podem receber as recompensas deles (na blockchain do Bitcoin, atualmente são 6,25 BTC após o halving mais recente do Bitcoin). Esses nós “concordam” em validar transações através de mecanismos de consenso, geralmente o Proof of Work (PoW) e o Proof of Stake (PoS). O consenso PoW é utilizado pelo Bitcoin e por muitas outras criptomoedas, como o Litecoin, que é um "fork" ou spin-off do Bitcoin.

Mecanismos de consenso

Embora o PoW e o PoS sejam os dois principais mecanismos de consenso de cripto, também existem outros. 

  • PoW: os mineradores competem entre si para resolver um problema matemático complexo, conhecido como hash. Ao fazer isso, um minerador valida um novo bloco na blockchain e recebe uma recompensa sob a forma de novas criptomoedas.

  • PoS: diferente do que acontece no PoW, o minerador “vencedor” do PoS é escolhido aleatoriamente. No entanto, quanto maior for o staking de um minerador, maiores serão as probabilidades de ele ser escolhido. O PoS será implementado no upgrade do Ethereum 2.0

Proof of Stake delegado (DPoS): é diferente do PoS porque os delegados são eleitos efetivamente para minerar novos blocos e garantir que as regras de consenso sejam mantidas. Se eles não fizerem o trabalho deles adequadamente, poderão ser eliminados através de votos, da mesma forma que acontece com os políticos. Criptomoedas como EOS usam esse mecanismo de consenso.

Hashing criptográfico

O processo de hashing criptográfico é fundamental para garantir a segurança de uma blockchain. Ele envolve criptografia unilateral de dados em um único texto e é um processo que não pode ser revertido. Na blockchain Bitcoin, o resultado do processo de hashing é um texto de 64 caracteres chamado de hash.

A blockchain pode ser hackeada?

Como cada parte única de um texto digital não pode ser revertida para decifrar os dados originais, a blockchain é considerada muito segura contra hackers. Nas blockchains de criptomoedas, os hackers podem lançar algo chamado de 51% ataque, no qual eles tentam obter mais da metade da hashrate (potência do computador) da rede de uma blockchain. Se conseguirem fazer isso, os hackers podem bloquear transações ou até mesmo reverter transações previamente confirmadas, o que significa que eles podem “gastar o dobro” de moedas (gastar uma moeda duas vezes). 

Embora a rede Bitcoin nunca tenha sido submetida a um 51% ataque bem sucedido, outras criptomoedas já foram vítimas. Um exemplo disso ocorreu em maio de 2018, quando a rede Bitcoin Gold sucumbiu a um 51% ataque, que resultou na perda de 18 milhões de dólares de sua moeda. Felizmente, tais eventos são raros, devido à enorme quantidade de poder de hash necessária para conduzir um ataque. Embora não seja impossível hackear uma blockchain, isso é muito improvável.

Como a blockchain é utilizada?

Todos nós sabemos que as criptomoedas usam blockchains, mas o que mais no mundo se beneficia das maravilhas da tecnologia blockchain?

Criptomoedas

Como já vimos, a blockchain constitui a base fundamental do que define uma criptomoeda: um ativo descentralizado, livre das amarras de entidades centrais como bancos ou instituições governamentais. O Bitcoin pode ser a criptomoeda mais popular, mas na verdade ele é apenas um dos exemplos. Uma variedade de moedas, desde altcoins a stablecoins, e de tokens DeFi existem atualmente graças à tecnologia criada por Satoshi Nakamoto.

Assistência médica

Os dados médicos confidenciais dos registros eletrônicos de saúde (EHRs) dos pacientes têm sido alvo de invasão de hackers, usados para roubar ou personificar identidades, ou têm sido vendidos a terceiros.

Através da criptografia avançada, a blockchain pode acabar com isso. Os registros podem ser adicionados a uma blockchain confiável e segura, tornando-se mais longos com o tempo. Quando novos registros são adicionados, é necessário um consenso, o que torna a cadeia muito difícil de ser hackeada ou quebrada.

Health Wizz é uma empresa que usa blockchain para dar aos pacientes controle total de seus dados médicos. Trata-se de uma plataforma móvel descentralizada que permite que os pacientes gerenciem suas informações de saúde e as vendam a terceiros, se desejarem, em troca de tokens.

Também há deficiências nos EHRs, no que diz respeito ao acesso dos médicos às informações dos pacientes provenientes de outra instituição. Isso ocorre porque, em alguns países, diferentes fabricantes costumam fornecer diferentes software de EHR para várias instituições, e não há interoperabilidade entre eles. Embora um sistema único e abrangente pudesse ser benéfico para médicos e pacientes, a prática referida anteriormente reduziria a capacidade das empresas de cobrar taxas exorbitantes. 

Foram feitas tentativas em muitos países para juntar os EHRs sob um único sistema, mas isso muitas vezes provou ser um processo fadado ao fracasso. No Reino Unido, uma tentativa de criar um sistema de dados interligado para todo o Serviço Nacional de Saúde foi abandonada em 2011, deixando um custo de quase 10 bilhões de libras esterlinas.

A blockchain poderia permitir um único sistema EHR de propriedade do paciente no qual as informações dos pacientes seriam transmitidas de forma segura para diferentes instituições financeiras, e se tornariam acessíveis assim que novos dados fossem adicionados a elas. 

É importante ressaltar que a blockchain não substituirá o EHR propriamente dito: ela realiza sete transações por segundo, em comparação com a capacidade do EHR de até 12.000. No entanto, ela poderá funcionar como uma camada extra para funções adicionais e poderá provar que os registos estão completos e inalterados, registrando o consentimento do paciente no que diz respeito ao compartilhamento de dados.

Contratos inteligentes

Um contrato inteligente funciona da mesma forma que qualquer contrato funcionaria, mas por meio de uma blockchain, o que elimina a necessidade de intermediários terceirizados. Somente quando estiverem reunidas as condições predefinidas (que foram definidas no código do computador da blockchain) é que ocorre uma transação dentro do contrato. Os contratos inteligentes foram estabelecidos pela primeira vez na blockchain Ethereum, em 2015. Hoje, eles têm muitos usos, alguns deles listados abaixo.

Seguro

Os contratos inteligentes podem fazer das reivindicações de seguros um processo mais rápido e barato, ao ajudarem a definir claramente quando os critérios objetivos tiverem sido cumpridos. Esse pode não ser o caso quando essas decisões são deixadas a critério dos advogados, pois isso pode tornar o processo mais subjetivo e, por sua vez, levar a um processo de reivindicação mais longo e mais dispendioso. 

Cadeias de suprimentos

As cadeias de suprimentos podem se tornar mais fáceis de gerir através da utilização de contratos inteligentes. Assim como acontece com as reivindicações de seguros, os contratos inteligentes podem eliminar qualquer subjetividade, fazendo com que seja fácil verificar se as metas definidas estão sendo cumpridas na blockchain. 

No setor de saúde, os contratos inteligentes têm o potencial de revolucionar o complicado mercado de fornecimento de medicamentos sujeitos a receita médica nos EUA, eliminando intermediários e, assim, reduzindo consideravelmente os custos para os consumidores.

Imobiliária

Os contratos inteligentes podem fazer com que a compra e a venda de uma casa sejam muito menos estressantes. Ao eliminar a necessidade de um intermediário enquanto agente imobiliário, os compradores podem lidar sozinhos com as transações com um vendedor em potencial. Uma vez que as condições de venda de uma casa sejam cumpridas, a compra de um imóvel só pode ser concretizada através da utilização de um contrato inteligente. 

Videogames

Acredite ou não, as maravilhas da tecnologia blockchain se infiltraram até mesmo na indústria de videogames. Em 2017, um jogo foi lançado e chamado de CryptoKitties. A premissa do jogo é você criar, comprar e vender gatos virtuais. Ele pode não ser o preferido de todos, mas o que tornou esse jogo tão surpreendente foi o fato de ele ser compatível com a blockchain da Ethereum. 

Desde então, a tecnologia blockchain tem sido cada vez mais adotada na indústria de videogames, embora ela ainda esteja em uma fase inicial. Os jogos de cartas colecionáveis foram pioneiros na adoção da tecnologia. Um exemplo disso é o God’s Unchained, em que os jogadores podem negociar cartas colecionáveis ​​online usando uma carteira Ethereum, como a MetaMask.

Uso da blockchain no futuro

A realidade animadora é que o potencial da tecnologia blockchain está apenas começando a ser explorado. Realmente é apenas o começo dessa jornada. Vejamos algumas maneiras pelas quais a tecnologia blockchain pode se desenvolver e afetar nossas vidas em um futuro próximo.

Melhoria dos padrões de vida globais

A tecnologia blockchain pode ajudar a aliviar a pobreza e a corrupção, oferecendo inclusão financeira para aqueles que não têm conta bancária

Além disso, a tecnologia blockchain também oferece um enorme potencial de crescimento para pequenas empresas em países em desenvolvimento, em que a natureza descentralizada da criptomoeda permite que muitas delas operem verdadeiramente em escala global pela primeira vez. 

Identidades da blockchain

Isso é algo que já está começando a ser implementado. No entanto, é provável que, no futuro, o movimento em direção à manutenção de identidades online através da tecnologia blockchain seja excelente. Ao armazenar informações de bancos de dados pessoais em um ledger distribuído e público, o risco de fraude de identidade será bastante reduzido. 

Conforme já foi observado, a blockchain tem um enorme potencial para mudar a forma como os registros de saúde são tratados. É provável que esse recurso se estenda a registros governamentais, trabalhistas, fiscais e até mesmo eleitorais. 

Na eleição presidencial dos EUA de 2020, foram feitas alegações de fraude na votação. A blockchain pode acabar com essas alegações no futuro. O CEO da Binance, Changpeng Zhao, argumentou no Twitter que o uso de um sistema de votação baseado em blockchain não só eliminaria qualquer dúvida sobre fraudes, mas também aprimoraria a privacidade dos eleitores. 

Aumento da transparência

Como já mencionamos, no cerne da tecnologia blockchain está a sua natureza descentralizada e transparente. À medida que a tecnologia se torna mais amplamente adotada, isso provavelmente se refletirá na forma como as empresas funcionam. Será cada vez mais difícil ocultar informações, o que é uma boa notícia para os consumidores e para o público em geral. 

Música

A Internet mudou a maneira como ouvimos música e, do ponto de vista do artista, não necessariamente para melhor. Desde que o Napster entrou em cena, no final dos anos 90, a pirataria de músicas tem sido frequente.

Mesmo com o advento de serviços de streaming legítimos, como o Spotify, a renda dos artistas já não tem a mesma importância se comparada com a renda da época em que os fãs compravam CDs (e, mais atrás, discos LP e fitas cassete) em massa. No entanto, será que a blockchain poderia mudar isso?

A natureza transparente da blockchain poderia revelar, para que todos pudessem ver, os royalties devidos aos artistas. Os serviços de streaming não poderiam mais prejudicar esses artistas. Além disso, a tecnologia blockchain poderia ajudar a esclarecer qualquer problema de direitos de propriedade intelectual que os artistas pudessem ter, indicando de forma inequívoca quem detém os direitos de determinadas músicas. 

Conclusão

Em termos práticos, a blockchain é uma revolução que está apenas começando. Ela está mudando a forma tradicional como vivemos as nossas vidas e já revolucionou a forma como pensamos sobre o dinheiro enquanto ativo digital. Nos próximos anos, irá revolucionar a forma como pensamos e agimos em muitas outras áreas das nossas vidas. 

O anonimato da blockchain oferece um nível extra de proteção às informações e praticidade para acessar informações como nunca ocorreu. A blockchain dá acesso à informação, disponível gratuitamente para todos.